Por que essas mudanças foram necessárias no Aeroporto de Guarulhos
Veja o que diz o comunicado oficial do Decea que anunciou as adaptações:
“Todas as pistas dos aeroportos têm números pintados em cada uma das cabeceiras. Essa identificação tem a função de orientar os pilotos sobre a direção de pousos e decolagens das aeronaves. Como a direção desses procedimentos pode variar de acordo com o vento, cabe ao controlador de voo informar ao piloto o número da cabeceira que está em uso naquele momento.
De tempos em tempos, no entanto, esses números podem sofrer alterações, a exemplo do que ocorrerá, a partir do próximo dia 8 de setembro, nas pistas do Aeroporto de Guarulhos.
Os dois algarismos que identificam as cabeceiras de uma pista são definidos de acordo com o seu rumo ou orientação magnética da bússola. Eles podem variar de 1 a 36. Quando a bússola for apontada para determinada cabeceira e indicar 250 graus, por exemplo, ela é identificada com o número 25.
A modificação com o passar do tempo ocorre devido à declinação magnética, que é o ângulo entre o Norte Verdadeiro e Norte Magnético da Terra. A mudança ocorre lentamente e, em média, modifica 1 grau a cada 10 anos”.
Desde 2012, o local é gerido pela Concessionária do Aeroporto Internacional de Guarulhos S.A. (GRU Airport), formada pelo Grupar (Grupo Invepar e ACSA) e pela Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero).
Segundo a GRU Airport, desde a inauguração do espaço, em 1985, esta foi a primeira vez que tal mudança se fez necessária. A concessionária afirmou ainda que as adaptações envolvem mais do que repintar as cabeceiras das pistas: também foi preciso modificar a documentação de navegação, os sistemas informativos do tráfego aéreo e a sinalização de solo de pistas e pátios.
Entenda a declinação magnética da Terra
Conforme visto no comunicado do Decea, existem dois nortes: o Norte Verdadeiro e o Norte Magnético da Terra.
O chamado “Norte Verdadeiro” é usado nos sistemas de GPS, bem como em mapas e plantas de obras. Essa é uma direção física, que aponta para o norte geográfico da Terra, ou seja, o Polo Norte (um ponto fixo, para o qual nunca haverá alterações).
Já o “Norte Magnético”, que é usado na aviação e navegação, é o indicado pela bússola, de acordo com o magnetismo do planeta. Enquanto a marcação de 0º (ou 360º) aponta um direcionamento para o norte, a de 180º indica o sul, a de 90º, o leste, e a de 270º, o oeste.
Como a “bolha magnética” que protege a Terra não está exatamente alinhada com os polos e se desloca ao longo do tempo, uma bússola não aponta sempre o exato e mesmo “norte”.
O campo magnético do planeta é como um enorme ímã, criado pelo fluxo de ferro e níquel liquefeitos no núcleo da Terra. A energia gerada promove mudanças magnéticas e faz com que o “norte” esteja em movimento constante.
De acordo com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA), entre 1990 e 2005, o movimento do norte magnético acelerou, passando de sua tradicional velocidade entre 0 e 15 km por ano, para os atuais 50 a 60 km.
Em 1831, quando foi identificado pela primeira vez, ele estava nas ilhas do Ártico canadense. Agora, fica em um ponto na costa da Groenlândia, a cerca de 400 km do polo norte geográfico, e se move em direção à Sibéria, na Rússia.
Como tal inconstância desordena os sistemas de navegação, o Modelo Magnético Mundial (WMM), uma espécie de mapa que descreve o campo magnético terrestre no espaço e tempo, precisa ser periodicamente adaptado à localização desse ponto. A última atualização aconteceu em 2020, com uma próxima esperada para 2025.
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