Os desenvolvimentos científicos e tecnológicos desenvolvidos desde há anos a esta parte no campus da USP de São Carlos, nomeadamente no Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CEPOF) e no que concerne ao combate do câncer nas suas mais diversas formas, já são conhecidos nos corredores da ciência nacional e internacional, mas talvez não tão difundidos em nossa cidade e região. E um dos principais focos das pesquisas realizadas no CEPOF tem sido o combate aquele que é considerado a quarta forma de câncer que mais mata mulheres no nosso país - colo do útero -, tendo, por isso, despertado o interesse do maior centro de pesquisa biomédica do mundo - o National Institutes of Health (NIH), localizado nos Estados Unidos -, que convidou os pesquisadores do CEPOF a desenvolverem trabalhos conjuntos.
Integrado na agência governamental de saúde norte-americana, o NIH é uma congregação de centros de pesquisa do mais alto nível, que acolhe em suas instalações cerca de vinte mil funcionários, entre cientistas, técnicos e outro pessoas especializado. Ao longo dos anos, o CEPOF, alocado no Instituto de Física de São Carlos (USP), tem desenvolvido inúmeros protocolos, equipamentos e técnicas visando o tratamento de variadas formas de câncer, principalmente através de Terapia Fotodinâmica - técnica que utiliza a ativação de luz e o uso de substâncias fotossensibilizadoras para tratar diversas condições oncológicas. Quanto às pesquisas relacionadas com o tratamento do câncer de colo do útero, os pesquisadores chegaram a um ponto em que não só conseguem eliminar essas lesões, a grande maioria delas causada pelo HPV, como também observar, de modo significativo, uma redução da carga do HPV de alto grau, o que diminui muito a chance das mulheres contraírem esse tipo de câncer.
Na continuação deste estudos, os pesquisadores do CEPOF estão prestes a superar um desafio importante, que é a implementação de um protocolo, utilizando o laser, para tratar lesões do canal cervical, que são as mais agressivas e cujo tratamento convencional (a cirurgia de alta frequência) envolve a remoção de uma grande extensão do colo uterino, que além de mutilante, pode estreitar o colo uterino, causando dificuldade de concepção. E o convite do NIH vem no sentido dos pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos integrarem o denominado “Global Health”, uma iniciativa que envolve várias regiões, entre elas, a África. Para os pesquisadores do CEPOF, esse vai ser um trabalho gigantesco, já que haverá a necessidade de se implementarem protocolos e instrumentos em regiões onde as condições econômicas locais não permitem a instalação de tratamentos sofisticados para tratar as populações.
Tendo como parceiros o MD-Anderson Cancer Center (referência mundial em câncer) e a Rice University, ambos localizados na cidade de Houston, no Texas, os pesquisadores são-carlenses já foram notificados pelo NIH de que foram escolhidos para incorporar as técnicas de tratamento do HPV no continente africano. Este é mais um avanço científico e tecnológico importante, reconhecido internacionalmente, e que deverá ter a devida atenção do poder público: nomes como os de Vanderlei Salvador Bagnato, Natália Inada, Cristina Kurachi, Hilde Buzzá, Mirian Stringasci, Cynthia De Castro, Renata Belotto e Welington Lombardi, entre muitos, mas muitos outros, não devem ser esquecidos, pois são eles que dão força à ciência que se faz por cá.
Fonte: São Carlos Agora